O Semeador de Estrelas
E não é por nada
que entre o rol das justificativas conspiratórias há o pré-sal
José Dias
Até a “descoberta”
das jazidas petrolíferas profundas, amatriz energética brasileira
caminhava para um outro rumo: solar e eólica, ainda que a hídrica mantivesse a
primazia, por maior desastre que isso - verdadeiramente – signifique!
Até aqui, corruptos
e corruptores disputavam cada metro cúbito de concreto a ser injetado e cada
hectare de área a ser devastada, pouco importando a quem ou qual dano
causassem: os filhos degredados das usinas hidrelétricas brasileiras não entram
nas estatísticas dos sem-teto ou sem-terra gerados no seio desenvolvimentista da
nação.
Mas não é esta a
pior das questões.
O pior é a não
geração de energia. Investimentos e danos gigantescos para não se gerar nada.
Para resultados esdrúxulos, pífios, ridículos!
Mas, de repente, do
nada, pózinho de pirlim-pim-pim: bummm!! Pré-sal!
Ocorre que a
exploração de petróleo não é construção de hidrelétrica. Não são os mesmos
custos e fatores envolvidos. Mesurar recursos hídricos não se compatibiliza com
valorar commodities: estima-se que a jazida brasileira seja
valorada em 16 trilhões de dólares.
Destruir a confiança
e os instrumentos organizacionais nacionais para a exploração do pré-sal, ou
seja: “quebrar” a Petrobrás (detentora de tecnologia de prospecção petrolífera
em águas profundas), devastar a indústria da construção civil de base e
infraestrutura nacional, entre outros mecanismos de sabotagem e desvalorização
acionária e instabilidade político-econômica, são ações que beneficiam as
empresas transnacionais interessadas na privatização da Petrobrás.
Um dos desagravos
(pasmem!) que justificam a devassa na estatal é o fato da universalização dos royalties
por todas as unidades da federação e a destinação destes para a saúde
e a educação.
Há muitas dinastias
políticas municipais e estaduais muito felizes em promoverem o desenvolvimento
social brasileiro, pois não?
Postado por Jodhi Segall às 4/26/2016 01:06:00 PM
José Dias
O Partido dos
Trabalhadores encerra, independente dos acontecimentos posteriores ao escabroso
e fatídico: 17 de abril de 2016, uma página histórica da política e do
desenvolvimento social e econômico nacional.
Na referida data,
367 deputados autorizaram a abertura do processo de impedimento (Lei n°
1079/1950) da presidenta Dilma Rousseff (2011-2014/2015 – 2018 (?) (PT) ), e
encaminharam para o Senado, para as devidas deliberações, a mais controversa
das traições palacianas já vivenciadas na história brasileira.
Nem mesmo o golpe
contra Dom Pedro II (donde afirma-se que a primeira página vergonhosa da
fundação da república foi a própria fundação da república!) pode ser comparado
aos que se seguiram no decorrer destes parcos 127 anos republicanos.
Porém, as
incoerências políticas deste início do século XXI criaram tantas
monstruosidades – que puderam ser vistas ao vivo e a cores por toda a nação na
supramencionada data – que o mote atemporal: “cada povo tem o governo que
merece”, diante de tantas evocativas por Deus e para o bem da
família brasileira, tornou-se a concretude que sustenta a verdade, a
justiça e a liberdade da nação e seu débil e ignóbil povo, tão bem
representado!
As controvérsias
são das mais variadas formas e de visões tão caleidoscópicas, que uma
investigação aprofundada, balizada e crítica acerca do que ocorreu nas últimas
três décadas de redemocratização nacional só será (e se) possível no próximo
século. Qualquer que seja a avaliação que se faça hoje, tão contaminadas as
fontes (literalmente) e exacerbados os ânimos, que os níveis de pessoalidade e
os confrontos de egos não nos permitem um mínimo de confiabilidade ou isenção
de juízo de valores.
Mas há de se
afirmar que mais do que lemos, vemos e ouvimos, o discreto silêncio respeitoso
e o ardil oculto da destreza, neste instante, são a mais valia do
poder.
Qualquer economista
de bom senso e com o mínimo de conteúdo jamais poderá considerar o governo
petista como “socialista” ou voltado, verdadeiramente, para o bem estar social:
nunca, e em nenhuma nação cujo suposto apelo populista alcançou tamanho sucesso
na implementação de medidas compensatórias na busca por igualdade e equidade
social, se pagou tão superfaturadamente por algo que democrática e
constitucionalmente seriam apenas cumprimentos efetivos dos direitos civis e
deveres do Estado.
Acaso o descalabro
desta dita insegurança constitucional e jurídica – e processual, posto que
jurisprudência não falta para se atribuir responsabilidades e sanções àqueles
que se beneficiam de seu poder e autoridade para deliberadamente cometer dano,
denegrir, difamar, vexar a outrem em benefício de si e/ou de terceiros – se
confirme, teremos decretado o fim do direito brasileiro em todas as suas varas
e instâncias, pois não está em jogo apenas o direito constitucional, mas todo o
processo legal que o pôs em xeque.
Mais do que a
simplista tese de criminalização do Partido dos Trabalhadores, que é mais do
que evidente, pois dos 367 deputados votantes a favor do impedimento, mais de
50% dos deputados são supostos corruptos e corruptores sob investigação e/ou
com processo(s) já instaurado(s) no Supremo Tribunal Federal, e, por
Deus e pela família brasileira, tendo como ícone – significado e
significante – a liderança do presidente da câmara dos deputados (insigne
douto, ilustre conviva: Eduardo Cunha), buscam a todo custo o ocultar suas
máculas e alcançar divinamente o paraíso da impunidade, é preciso ressaltar que
em momento algum da democracia brasileira houve – ainda que recaiam dúvidas
sobre os reais interesses envolvidos e os tendenciosos procedimentos “éticos”
adotados para o bem da transparência e publicidade – tamanha ação e
comprometimento do Ministério Público Federal e seus agentes e instituições
afins na busca de provas que forneçam bases para a responsabilização dos danos
causados ao erário público.
E esta seria,
talvez, a verdadeira traição da pátria realizada pelo PT: cumprir a
constituição e respeitar a legalidade e a independência do MPF! Trocou o apoio
político do silêncio da corrupta conivência, pela elucidação dos fatos.
Diferente de seus predecessores, não há aquela figura prosaica do“engavetador
geral da república”.
Segundo estimativas
modestas, nacionais e internacionais, a corrupção brasileira gera uma receita
líquida de algo entorno de 50 bilhões de dólares anuais. E não é de agora, mas
desde sempre! Nada tão simbólico quanto ser umgigante deitado em berço
esplêndido.
Há de se avaliar no
porvir que apesar de personificarmos os nossos problemas sociais, políticos e
econômicos na figura do(a) mandatário(a) do executivo federal, é, em grande
parte, na municipalidade e na esfera estadual – verdadeiros currais eleitorais
– em que a corrupção se consolida e torna-se uma etiqueta, um modus
vivendi da e para a sustentação do poder local e, consequentemente,
regional.
Oriundo dos
movimentos sociais e sindicais dos anos de chumbo (1964 – 1984), o Partido dos
Trabalhadores, tendo Luis Inácio Lula da Silva como seu maior
expoente e translúcida eminência do poder, não conseguiu isentar-se, ora como
agente ou ora como vítima, deste modus vivendi.Tanto que para
galgar o poder máximo do executivo teve que se aliar aos Sarney e outros
neoliberais, mudando o discurso de afrontamento e enfrentamento das questões
sociais, políticas e econômicas para o de coalizão, alianças e ajustes, criando
uma política de barganha de cargos e orçamentos. E obras... Muitas obras!
Algo muito
temerário e arriscado, mas que em uma econômica ascendente passou como se
fossem medidas necessárias ao andamento do Projeto de Aceleração do Crescimento
– carro chefe das mudanças propostas para o desenvolvimento social e econômico
nacional, porém, com a desaceleração da economia mundial, perda de
investimentos e queda das commodities, há a retração do
mercado e consequente queda de arrecadação, logo, uma vez que a sustentação
política para a governabilidade e governança foi embasada na barganha e favorecimentos
(lícitos e ilícitos!), cessadas as fontes pagadoras, não havendo com o que mais
barganhar, findam-se os acordos de cavalheiros.
As medidas que
permitiram um fôlego à economia e inflaram as perspectivas de crescimento real,
tais como o aumento da oferta de crédito e a supressão temporária de impostos,
na recessão provaram-se um doloroso déficit nas contas públicas. Ainda que se
suponha o agravamento deste déficit público por investimentos nos programas
sociais (Programa Bolsa Família; Minha Casa Minha Vida; PRONATEC; e Ciência Sem
Fronteiras, por exemplo), considera-se uma parcela muito pequena (cerca de dois
bilhões de reais) do montante de 70 bilhões de reais, dívida pública estimada
em março de 2016, e um dos argumentos para o impedimento.
Contudo, não
considerar o motivo para o impendimento como no mínimo insólito, é ser ingênuo.
É deixar de perceber que a grande vítima deste descalabro nacional não seja
senão o direito constituicional, em primeira instância, posto que o Impeachment[1] (Lei
n° 1079/1950) para ser instaurado, tem como premissa a existência de elementos
comprobatórios de crime de responsabilidade por parte do chefe do executivo
nacional, no caso, a presidenta Dilma Rousseff. Como não há tal circunstância,
o que se tem visto e de maneira ostensiva é o uso de um elemento constitucional
e legal a serviço da ilegalidade e da injustiça.
Definir como golpe
é infantil. Simplista. Pueril. É bem mais do que isto.
[1] Impeachment: Palavra
anglo-saxônica que denota o real mandatário da nação e os verdadeiros interesses
que estão sendo defendidos por aqueles santos e devotados maridos e esposas;
filhos, mães e pais; avôs e avós, insignes deputados e senadores, profundos
amantes da pátria. Qual pátria não se sabe!? Mas com certeza, não esta, a qual
amo e defendo, chamada Brasil!
SEGUNDA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 2016
17 de abril de 2016: o fim da Nova República brasileira?
José Dias
Para aqueles
que se vangloriam, sob as bandeiras do combate a corrupção e por Deus e para o bem da família brasileira, há
de se prever a ascensãosine qua non da
direita radical e o cataclisma social nacional.
A política
de consenso entre a (pseudo) esquerda do Partido dos Trabalhadores e as demais
correntes político-partidárias fracassou, não por dicotomias ideológicas, mas
por consagrar vícios práticos (políticos, administrativos e jurídicos)
remanescentes das corruptas oligarquias que, seculares, governam colonialmente
a nação e se prestam ao desgoverno em função de interesses transnacionais.
O futuro
próximo afirmará a política de excessão e a instauração de um integralismo neoliberal jamais imaginado ou verificado ao sul
do equador.
As
conquistas sociais que - entre avanços e retrocessos - consolidaram o mínimo
arranjo de garantias individuais e coletivas ao povo brasileiro, e que no
governo petista deu especial atenção aos mais pobres, ver-se-ão extintas
através da precarização do trabalho, terciarização do trabalho público e
privado, achatamento salarial, dessecuritização e privatização da seguridade
social, privatização da saúde e, fundamentalmente, sucateamento e privatização
da educação, com ênfase às instituições federais de ensino superior.
Não obstante
a tal previsibilidade, somar-se-á o silenciamento dos gritos dos excluídos com
a execração dos grupos minoritários e suas reivindicações por justiça,
igualdade e equidade.
No âmbito da
empregabilidade, emprego e renda, veremos a supressão dos direitos trabalhistas
e a desoneração integral da folha de pagamento em benefício dos empregadores,
sem contrapartida de melhoria salarial, poupança individual ou consolidação de
renda do proletariado.
Projetos de
transferência de renda e promoção da qualidade de vida serão enterrados sob os
escombros de uma democracia que jamais existiu, nem de fato, muito menos de
direito.
A reforma
agrária natimorta, quimera de mil faces da política nacional, finda sob a
ditadura escravocrata e genocida dos coronéis do campo e da cidade: suas
grilagens, suas lavras ilegais, seus desmatamentos tão lucrativos, e,
principalmente, suas dinastias político-partidárias.
O
acirramento das questões agrárias eclodirá sob a bandeira sagrada da
justificativa da legalidade e da ordem institucional, levando ao extermínio
centenas de famílias campesinas.
A simples
hipótese de uma reforma política, territorial e fiscal, institucional,
político-partidária e socioeconômica voltada para o bem estar social,por
Deus e para o bem da família brasileira, encerra-se aqui. Tanto quanto a renovada
velha república.
Enfim, o
Projeto Getúlio e seu filho pródigo alcançaram seus objetivos.
Sic transit
gloria mundi.
TERÇA-FEIRA,
12 DE ABRIL DE 2016
O país dos golpes
José Dias
O Brasil não é um país sério. Emblemática, a frase
atribuída a De Gaulle toma um ar grandioso diante do momento golpista nacional.
Incrivelmente, conseguimos criar uma nova modalidade de golpe, bem mais
sofisticado do que aquele que fundou a república e afundou o desenvolvimento
nacional: o golpe jurídico-institucional.
Mais que isto, criamos tantos golpes
dentro de um golpe, que transparecemos em gigantesca transcendência o muito ou
a totalidade da nossa incapacidade democrática e a nossa total subserviência a
interesses outros e de outros, que não os pátrios.
Para além da cortina azul celeste ou
carmim, que deveriam apenas traduzir o respeito que se tem aos atores sociais,
políticos e econômicos que sobem ao palco para representarem papéis que nós,
autores de nossa própria história, designamos, há o suposto Estado de fato e de
direito.
Ocorre que nem o fato e nem o direito
subsistem ao descalabro de uma nação submersa em falácias e imersa na
corrupção. Esta, um patrimônio cultural nacional originária da colonização,
institucionalizada no império e constitucionalizada na república oligárquica do
século XX.
O surpreendente do presente embate
midiático entre os poderes da república não são sequer a ilegalidade do
impedimento ou a respectiva segurança jurídica e institucional que deveriam ser
judiciosos e responsáveis pela integridade da república, não.
O apavorante são os reais motivos que
nos trouxeram ao impaludismo político, cuja alienação, hipocrisia e ignorância
são transcritas e proferidas com tal solene leviandade que crê-se que, aqui, no
Brasil, somos todos, além de juízes e santos, altamente politizados. Filhos
pródigos da história e pais cosmopolitas da geopolítica moderna. Mais que isto:
crentes! Justos! Honestíssimos!
A verdade, se é que há alguma, é que
em um país analfabeto funcional, o senso crítico equivale ao fragor apaixonado
do momento no qual o cidadão apercebe-se, mais que lesado, ignorado para além
de sua ignorância. Em uma sociedade estabelecida sobre o ganho a qualquer
custo, onde a universalidade de direitos é uma afronta ao monopólio de
determinados seguimentos e corporações, o lesa pátria é uma
entidade ideológica-política.
Para aqueles que acreditam que há uma
caça aos corruptos e corruptores da pátria, há de se afirmar o ledo
engano.
QUARTA-FEIRA,
16 DE MARÇO DE 2016
Sic transit gloria mundi [Brasil revisitado]
Alexander Martin Wash
Brasília, DF, 03 de março de 2016.
Em pleno vapor
a falácia vaga por todos os recantos da ignorância humana. Raros são aqueles
que se dispõem a buscar a verdade e citar suas fontes com isenção de juízo de
valor. Afinal, no mundo imperial, o único coletivo possível – para além
daqueles ônibus e trens lotados de carne para o holocausto cotidiano – é o do
genocídio consciente.
No entanto,
tudo é tratado com tal pessoalidade que vivemos a era das personificações. De
modo global e generalista afirma-se que a alteridade entre corruptos e
corruptores nada mais é do que a defesa inconteste dostatu quo vigente. Observe-se que a expressão
latina ressalta que ante
bellum.
E é este antes da guerra que nos revela a transitoriedade da
vida humana, sua impermanência. Todas as coisas relativas ao humano são deveras
finitas. Menos a sua ignorância e a inacreditável capacidade de cometer
asneiras, o que soa mais como ofensa ao asno do que crítica ao bípede depenado.
Absurdamente,
vivenciamos o contraditório no contradito e no contrafeito, ou seja, apesar de
transparecer que há esta contradição, na verdade ela é a sustentação do oposto
inexistente, pois trata-se de um mesmo ente. E,embasado na fé cristã:
nenhum reino sobrevive dividido. Logo, como a ética depende de anseios, valores
e princípios comuns, não há crise alguma entre quem quer que seja. O que temos
são singularidades.
Neste
sentido, surge o óbvio para afirmar o senso comum e a retórica para –
diplomaticamente - refutá-lo. A dialética, uma estética romanceada da episteme,
renasce das cinzas da paixão que tanto condena. E toma-se, por fim, o engodo
por verdade, e todos os iludidos viverão felizes para sempre em sua mais
completa subserviente obsolescência.
Gritam aos
quatro ventos: Sic transit
gloria mundi. E dizemos amém.
SEGUNDA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2015
Lua Azul
Jodhi Segall
A lua brilha
Na imensidão do olhar apaixonado
Dizendo a cada qual
Que distâncias não são negociáveis
Avisa, sorrateira, que a discrição
É o sal da vida e o sol do amor
Não maltrate as borboletas
Com a cacofonia das tempestades
Não exponha as orquídeas
Aos ventos nem ao sol do meio dia
É no silencioso segredo das horas
Em que a presença se faz eterna
E, então, percebemos
Que o amor nos aprimora
Na alegria e no riso
Nosso de cada dia
